A evasao na EAD: Investigando causas, propondo estratpegias.
Línea Temática: Factores y causas influyentes en el abandono. Predicción del riesgo del abandono.
NETTO, Carla
GUIDOTTI, Viviane
SANTOS, Pricila Kohls
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Brasil ARGOS
Grupos de Pesquisa Interdisciplinar em Educação a Distância da PUCR
Resumo: Nos últimos anos, as pesquisas acerca da evasão na Educação a Distância no contexto brasileiro revelam-se fundamentais no mapeamento das causas e na busca por estratégias que auxiliem o aluno a concluir os estudos. Uma das maiores virtudes da EAD, que é o livre arbítrio por parte do educando na escolha do local e horário para estudar, pode transformar-se num problema se o aprendiz não possui disciplina, não entende sua parcela de corresponsabilidade e está preso aos paradigmas da educação presencial. Este artigo tem por objetivo investigar as causas do alto índice de evasão na EAD e possíveis alternativas para auxiliar a diminuir esse problema. A partir do método de pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo, baseado no Censo Escolar da EAD (2010) e no Anuário Estatístico de Educação Aberta e a Distância (2008), constatou-se que os principais motivos para evasão são financeiros, falta de tempo, não adaptação ao método, acreditar que o método EAD é mais fácil e a obrigatoriedade das provas presenciais. Dessa forma, estratégias devem ser pensadas e adotadas pelas Instituições de Educação Superior que oferecem cursos na modalidade a distância para que a mesma seja, enfim, uma eficiente forma de proporcionar oportunidades de estudos àqueles alunos que não são contemplados ou não se adequam ao ensino presencial, seja em função de tempo, trabalho ou necessitar de oportunidade de estudo a qualquer hora e local.
Palavras chave: Evasão, Educação a Distância, Ensino Superior.
1. Introdução
Este artigo tem por finalidade discutir a evasão na modalidade a distância, baseado no Censo EAD.BR (2010) e no Anuário Estatístico de Educação Aberta e a Distância (2008), afim de detectar as causas e lançar possíveis estratégias para promover uma reflexão sobre a evasão em cursos a distância no Brasil.
Entre 2000 e 2006, o número de Instituições de Ensino superior, que oferecem graduação a distância no Brasil, aumentou mais de 1.000%, levando mais de 2 (dois) milhões de brasileiros a utilizarem a Educação a Distância, segundo a ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância).
A perspectiva é que a Educação a Distância continue em ascensão, tanto no contexto internacional como no nacional, passando cada vez mais a contribuir com a ampliação da oferta de Educação Superior. A estimativa é que nas próximas décadas a EAD reunirá mais alunos do que a Educação presencial.
Para atender a demanda das novas estruturas sociais e econômicas, está sendo oferecida uma ampla oferta de Educação Superior, seja na modalidade presencial como na modalidade a distância.
2. Causas
É importante descrever que entendemos por evasão o movimento de desistência do aluno que depois de matriculado, não aparece nas aulas ou desiste no decorrer do curso em qualquer etapa.
2.1 Financeiro
A evasão por questões financeiras é apontada como o principal motivo de acordo com Censo EAD.BR (2010), já no Anuário Estatístico de Educação Aberta e a Distância (2008) este motivo aparece em 2ª lugar.
A Educação a distância é vendida e/ou vista como uma alternativa mais barata que os cursos presenciais, o que é, na maioria dos casos, um equivoco, pois os custos das Instituições de Ensino são altos quando o objetivo é ofertar cursos na modalidade a distância com qualidade. É preciso um grande investimento em capacitação de professores, tutores, materiais de apoio, estrutura física e tecnológica, o que faz esta modalidade de ensino ter um custo elevado, mas que pode ser diluído, se bem administrado, com a reusabilidade de materiais em re-edições de cursos.
2.2 Falta de tempo
A falta de tempo para dedicar as tarefas e compromissos com o curso também é apontado como uma das principais causas de distância dos alunos. A organização do tempo para os alunos que frequentam cursos na modalidade a distância é fundamental.
Se uma grande vantagem do aluno EAD é ter livre arbítrio para escolher a hora e o local
para estudar, pode ser uma desvantagem para quem não consegue estabelecer horários de estudo e regras que estabeleçam uma organização para dedicação ao curso.
2.3 Não adaptação ao método
Entre as causas da evasão na Educação a Distância a falta de adaptabilidade com o método pelos alunos que buscaram esta modalidade de ensino como um recurso para a sua formação.
Quando se decide estudar nessa modalidade de ensino é extremamente importante a atenção que se dispensa ao estabelecimento de objetivos de estudo, pois é a partir disso que é possível listar prioridades e organizar o tempo com as demandas do curso. Assim, é necessário que o aluno seja claro ao estabelecer objetivos, tendo em mente que um curso a distância exige em média de 12 a 15 horas de estudos semanais, ou seja, é necessário um maior tempo de estudo do que o presencial.
Assim, o aluno que determina objetivos de estudo, tendo uma noção clara daquilo que quer (do programa acadêmico e do curso em si) e organiza o seu tempo para leituras de materiais, tempo online para realização de atividades, trabalhos em grupo, etc., provavelmente terá sucesso num curso a distância.
Por conseguinte, os alunos devem ser flexíveis no estabelecimento de metas e objetivos. “Quando coisas inesperadas acontecem, o aluno virtual deve ser incentivado a manter contato com o professor, a fim de não ficar muito para trás” (Paloff e Pratt, 2002, p. 100). Em consequência, o professor também deve ser flexível, ajudando os alunos a superarem barreiras e obstáculos.
Após o estabelecimento dos objetivos, o aluno deve passar a determinar prioridades de estudo, observando a importância e urgência das atividades, conforme o Quadro 1:
IMPORTANTE, MAS NÃO URGENTE | IMPORTANTE, E URGENTE |
NEM IMPORTANTE, NEM URGENTE | NÃO IMPORTANTE, MAS URGENTE |
Quadro 1 – Priorizando o comprometimento com o tempo
Fonte: Palloff e Pratt (2004, p. 101)
Nem importante, nem urgente – Nesta categoria estão incluídas atividades do dia-a-a-dia como falar ao telefone, assistir TV, entre outras, que podem parecer que são atividades ociosas, devendo ser ignoradas. No entanto, esse tipo de atividade necessita de uma atenção especial, pois elas ajudam a “recarregar as baterias”. O importante “é não perder muito tempo nas atividades deste quadrante”. (Palloff e Pratt, 2002, p. 102).
Não importante, mas urgente – Nesta categoria os autores destacam que frequentemente os alunos dedicam seu tempo a atividades que não são importantes em vez de priorizarem aquilo que realmente precisam fazer. Entretanto, é necessário que o aluno se pergunte quais são as consequências se ele não realizar determinada atividade naquele dia. Muitas vezes, no entendimento dos autores, ele descobre que as consequências são mínimas e que a atividade que já não era importante, mas que parecia ser urgente, na verdade não tem urgência de ser realizada.
Importante, mas não urgente – Os alunos que trabalham nesta categoria podem apresentar dificuldades na realização das tarefas, porque “as atividades tendem a ser postergadas até que se tornem urgentes” (p. 102). É importante que os alunos aprendam a gerenciar o tempo a longo prazo, para que as atividades importantes não se percam entre as mais urgentes.
Importante e urgente – Muitos alunos atuam apenas neste quadrante (em caráter de urgência), o que pode fazer com que a noção de construção da comunidade de aprendizagem se perca, pois eles, muitas vezes, deixam para interagir perto do prazo final de determinada atividade. “Se, por exemplo, um aluno esperar pelos finais de semana para enviar seus trabalhos ou comentários, e a maior parte dos alunos já os houver enviado, estes poderão sentir-se prejudicados por não terem recebido nada desse colega” (p. 102).
Para um bom desempenho (individual e do grupo) num curso a distância é necessário que o aluno saiba gerenciar o seu tempo de estudo e estabeleça prioridades para a realização das atividades. “Se os alunos não se comprometerem em colocar seus estudos acima de outras atividades não urgentes e não importantes, os outros participantes do grupo sofrerão com sua ausência” (p. 103).
Para adquirir um aprendizado mais profundo num curso virtual, os alunos precisam concentrar-se no significado daquilo que o professor lhes oferece ou cria, conectar as novas ideias ao conhecimento prévio e relacionar fatos e informações da sala de aula à experiência da vida real. É muito importante que o aluno atinja uma prática reflexiva e transformadora que o leve a um pensamento crítico e independente.
Para isso, é necessário que o aluno a distância dedique-se ao curso ao longo da semana. Os alunos não serão capazes de responder adequadamente às ideias dos colegas e contribuir para as discussões em apenas um dia. Portanto, é preciso que o aluno pratique sua eficiência e eficácia no trabalho online, conforme apontam os autores no Quadro 2:
Quadro 2 - Calculando o tempo eficiente e eficazmente Fonte: PALLOFF e PRATT (2004, p. 104)
Coisas não-importantes, malfeitas – Se um aluno realiza tarefas que não são importantes de maneira malfeita, indica tanto baixa eficácia quanto baixa eficiência. Dessa maneira, o aluno deve ser incentivado a centrar-se nas atividades que são realmente importantes.
Coisas importantes, malfeitas – Quando um aluno realiza atividades importantes de maneira malfeita, significa que há alta eficácia, mas baixa eficiência. Segundo os autores, isso acontece quando o aluno deixa para realizar a atividade na última hora.
Coisas não-importantes, bem-feitas – Há baixa eficácia e alta eficiência quando o aluno realiza com qualidade atividades que não são importantes. Assim, os alunos devem ser incentivados a dedicarem seu tempo a atividades que realmente são importantes.
Coisas importantes, bem-feitas – Os esforços do aluno virtual devem centrar-se neste quadrante, pois este representa alta eficácia e alta eficiência. Quando o aluno consegue planejar bem o seu tempo, ele atinge um nível máximo de eficácia e eficiência. Quando os alunos administram o tempo eficazmente e executam suas tarefas de modo eficiente, aumenta a probabilidade de que atinjam os objetivos de aprendizagem e finalizem o curso com sucesso. Dessa forma, o ideal é que o aluno organize suas atividades priorizando aquelas que são importantes para depois passarem para as atividades que tem um prazo de realização maior.
Para evitar a sobrecarga, é importante que tanto o aluno virtual quanto o professor incluírem um tempo de descanso no planejamento de estudos semanal. Outros pontos importantes para evitar a sobrecarga são a dosagem ‘adequada’ de material disponibilizado pelo professor e do uso do chat (debates sincrônicos).
2.5 Obrigatoriedade das provas presenciais
Outro indicador da evasão no país é a obrigatoriedade dos encontros presenciais, responsável por quase 5% do total de evasão, conforme o ABRAEAD (2008). No Brasil, a Educação a Distância é semipresencial, pois a legislação nessa modalidade de ensino exige que existam momentos presenciais destinados para prova e que os cursos de Licenciatura tenham momentos presenciais nos laboratórios didáticos e outros destinados ao Estágio de Docência.
Dessa forma, o aluno que busca a EAD como um recurso de apoio à falta de disponibilidade de horários deve levar em consideração que haverão momentos presenciais obrigatórios e que o aluno deve se fazer presente.
3. Estratégias
Diante das informações hora apresentadas, percebemos que a temática da evasão é tema recorrente nas discussões e levantamentos realizados sobre as ações em Educação a Distância. Porém fica o questionamento se a evasão está sendo tratada como vias para qualificar a EAD ou apenas para fazer aumentar os índices e números de alunos nesta modalidade. Quantidade neste caso seria sinônimo de qualidade?
É sabido que a Educação gera custo e a EAD não está livre deste, pelo contrário, seus custos são equivalentes e em alguns casos mais elevados que na educação presencial. Neste sentido, gostaríamos de deixar alguns pontos em pauta, mesmo não tendo respostas conclusivas, apenas reflexões e estratégias que possam vir a agregar ao que é praticado atualmente em se tratando de Educação a Distância.
De acordo com as informações do Anuário Estatístico de Educação Aberta e a Distância (2008, p.69), 60% das Instituições realizam pesquisas sobre a evasão em seus cursos a distância. Tal iniciativa pode ser uma boa forma de avaliar as ações planejadas e qual o resultado atingido por meio destas, gerando assim a possibilidade de se manter o que apresenta resultado positivo e re-planejar as ações que não alcançaram seus objetivos.
Outro dado apontado no Censo Escolar da EAD (2010), é que 47% dos alunos matriculados na modalidade estão em faixa etária acima de 30 anos, isto indica que muitos destes alunos nasceram e cresceram em um modelo de Educação baseado na direcionalidade do ensino, em que o professor ensinava e o aluno apenas aprendia, ou seja, o aluno tinha uma participação mais passiva em seu processo de aprendizagem.
Nesta perspectiva, Giraffa (2012, p.28), destaca que é preciso ampliar o foco da atuação docente, para que o professor “ultrapasse a figura de mero repositório para ser um guia, um facilitador, um orientador do processo de aprendizagem dos seus alunos.”.
Assim, o professor precisa estar ciente deste seu papel e as instituições devem promover espaços e momentos de qualificação profissional nos termos hora citados, pois muitas das práticas dos professores advém de sua própria formação, em que reproduzem modelos de seu formador. Por este motivo, a importância de se realizar capacitações continuadas, para que novas metodologias possam ser planejadas e viabilizadas por diferentes estratégias de ação que venham a qualificar a EAD.
Outro aspecto importante que precisa ser levado em consideração como a estratégia para manter o aluno e qualificar sua formação, é orientar o egresso em cursos a distância sobre a importância de sua participação e de sua parcela de corresponsabilidade numa educação de qualidade e numa formação não apenas para cumprir os requisitos legais para aquisição de um diploma, mas sim na capacitação para a vida profissional e social.
Todo conhecimento é elaborado a partir de conceitos que somados a experiência resultam em um processo impar e distinto, sendo que
A verdadeira experiência é aquela na qual o homem se torna consciente de sua finitude... É pura ficção, a ideia de que se pode dar marcha ré a tudo, de que há sempre tempo para tudo, e de que de um modo ou de outro, tudo retorna. Quem está e atua na história faz constantemente a experiência de que nada retorna. A verdadeira experiência é assim: a experiência da própria historicidade. (GADAMER, 2002, p. 527)
Diante destes desafios as instituições também precisam atentar para a qualificação dos profissionais envolvidos com a EAD, principalmente com a formação docente e a conscientização discente. Uma vez que
Na formação em educação a distância, o formador é também um aprendiz em formação. Pois ainda estamos em um período embrionário, em que muitas possibilidades surgem, mas não há caminhos certos à seguir. Cada público, cada projeto possui uma necessidade diferente e, também por isso, ainda está se engatinhando na questão da formação em EAD. (SANTOS, 2012, p. 41)
Uma reflexão inicial sobre os papéis e possibilidades de crescimento e qualificação conjunta e de forma colaborativa, pode criar no aluno um sentimento de pertença que o faça acreditar na sua formação como processo de mudança e resultado de qualificação profissional e qualidade de vida.
Segundo PALLOF e PRATT (2002, p. 53)
Os princípios envolvidos na Educação a Distância são aqueles atribuídos a uma forma mais ativa e colaborativa de aprendizagem, com uma diferença: na Educação a Distância, deve- se prestar atenção ao desenvolvimento da sensação de comunidade entre os participantes do grupo a fim de que o processo seja bem- sucedido.
A comunidade transforma-se de um espaço com ações pré-determinadas em movimentos contínuos e abertos em que cada um ocupa um lugar singular e em constante evolução. As ações para o crescimento e desenvolvimento permanente da comunidade estão em cada participante e em sua vontade de construção conjunta de algo maior.
Um ponto refere-se a qualidade e intencionalidade das interações nos ambientes de EAD, pois mesmo se tratando de uma modalidade de ensino que não exige a presencialidade física dos participantes, tal flexibilidade da presença pode ser vista concretamente nas interações, principalmente nos ambientes virtuais de aprendizagem. Doravante, é preciso ter-se consciência de que, da mesma forma que uma aula é planejada por pessoas e não máquinas, a Educação a Distância, incluindo seus alunos, também é composta por pessoas, seres humanos que possuem necessidades, histórias, vivências e conhecimentos diferenciados.
Tais apontamentos trazem à tona a ideia de que devemos fazer Educação para pessoas e preocupar-se com quem está envolvido com o processo de aprendizagem, pois em suas particularidades podem ser encontradas formas de enriquecer as ações em ambientes de aprendizagem, seja em EAD ou mesmo na Educação presencial.
Um dos grandes mitos em EAD é de que a máquina substitui a pessoa em suas atividades após o conteúdo de determinado curso ter sido concluído e isto faz com que muitas instituições vejam a EAD como fonte de recursos financeiros, porém este mito, embora tenha um ponto de verdade, não passa de um mito. Pois o conteúdo desenvolvido é apenas uma parte de um curso, a partir deste diferentes estratégias de ações devem ser planejadas para que o conteúdo tenha como resultado situações autênticas de aprendizagem e para tal, não se prescinde a “presença” do professor, pois este deverá ser o responsável por desencadear e planejar as ações no curso.
Em se tratando de EAD, o planejamento e modelagem do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) pode ser um ponto, tanto para incentivar o aluno à participação, quanto para sua desmotivação em relação ao curso. Um AVA planejado para o público alvo de seu curso, em que as informações estejam disponibilizadas de forma clara e organizadas faz com que os alunos sintam-se mais seguros em realizar e participar das atividades e interações no curso.
Outro ponto importante em relação ao AVA, e a modelagem do mesmo, é a sua identidade visual, pois ter um ambiente visualmente atrativo também estimula o aluno à participação e a permanecer neste espaço. Porém, como já mencionado anteriormente, vale ressaltar que este é um dos aspectos a ser considerado, pois somente um ambiente visualmente atrativo não garante a qualidade de determinado curso/disciplina.
Em suma, propomos algumas práticas e estratégias cruciais para conter a evasão as descritas a seguir:
Qualificação do corpo docente;
Formação docente para o uso do AVA adotado pela instituição;
Formação do corpo docente em relação a EAD e estratégias de mediação a distância;
Expor claramente a todos os envolvidos, sejam estes professores ou estudantes, da metodologia e proposta de EAD da instituição;
Orientar o egresso da EAD sobre sua corresponsabilidade no processo de aprendizagem;
Elaborar estratégias para criação de uma efetiva Comunidade Virtual de Aprendizagem;
Estimular o diálogo e as trocas entre os pares;
Criar e propor atividades que envolvam os participantes e os estimulem à trabalhar em equipe;
Possibilitar aos alunos a avaliação e auto-avaliação do curso/disciplina;
Delimitar a quantidade de atividades de acordo como tempo para sua realização;
Diversificar recursos e formas de expor conteúdos e atividades, mensurando a qualidade dos mesmos ao invés de primar pela quantidade;
Oportunizar espaço para escrita e reflexão pessoal de cada estudante sobre o seu processo de aprendizagem no curso, tal como os “diários de aula”.
}Tais estratégias podem qualificar e deixar clara à relação a ser construída nos AVA e que a cada um cabe a participação e interação nos espaços disponíveis e propostos em cada curso/disciplina a distância. Tal como proposto, ao oportunizar aos alunos um espaço pessoal e exclusivo para reflexão, este espaço pode criar no aluno um sentimento de pertença e valorização de sua participação,sabendo que poderá ser “ouvido” também de uma forma mais individualizada.
Para enfatizar esta questão, Santos (2012) diz que Levando-se em consideração a questão da escrita, formação, vivência e aproximação é que se defende a ideia de utilização dos Diários de Aula. [...]
A utilização dos Diários de Aula em ambientes virtuais de aprendizagem de cursos à distância, pode resultar na escrita como experiência profunda do ser, em que a mesma perpetra a cada indivíduo conhecer-se melhor e conscientizar-se do seu papel no contexto de aprendizagem ao qual está inserido. Assim sendo, também o professor poderá inteirar-se do resultado de sua prática e alterá-la conforme a necessidade que surgir na escrita dos estudantes. SANTOS (2012, p. 46).
Desta forma o professor pode avaliar a sua prática e como os alunos estão aprendendo e percebendo sua aprendizagem no decorrer do curso e não apenas nas atividades formais de avaliação. Assim também o aluno pode se sentir partícipe, tanto do processo de aprendizagem, quanto do processo de ensino, uma vez que suas inferências e reflexões podem resultar em novas estratégias de ensino, se assim o professor estiver disposto à fazê-lo.
4. Considerações finais
O gerenciamento do tempo na Educação a Distância é um tema muito importante e um dos motivos de evasão nos cursos online. Muitos alunos esbarram na falta de tempo ou na falta de dedicação necessária para realizar o curso a distância, o que exige um olhar atento por parte do professor tutor e um acompanhamento constante durante o processo.
O entendimento por parte do aluno das demandas da aprendizagem a distância e o comprometimento com o processo online não são as únicas formas de determinar o sucesso num curso virtual, mas auxiliam na manutenção do envolvimento e do engajamento na Educação a Distância, pois este é o mote para construção de vivência de situações autênticas de aprendizagem.
Entende-se por situações autênticas de aprendizagem aquelas permeadas pelas Dimensões da Educação e possibilitadas através das redes de aprendizagem, que se constituem a partir das interações através das Tecnologias de Informação e Comunicação, possibilitando que grupos de pessoas unidas por objetivos comuns, aprendam juntas no horário-local-ritmo mais adequado para elas. Transformando assim, os cursos a distância em janelas para o mundo do conhecimento através de espaços compartilhados, oferecendo acesso a ideias, perspectivas, culturas, novas informações e múltiplos olhares sobre um mesmo tema, facilitando e enriquecendo a compreensão da diversidade cultural e, assim, fazendo uma Educação de qualidade em EAD.
Referencias
Associação Brasileira de Educação a Distância. Censo ead.br.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.
Gadamer, Hans-Georg. Verdade e método. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
Giraffa, L. M. M. DOCENTES ANALÓGICOS E ALUNOS DA GERAÇÃO DIGITAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA ESCOLA DO SÉCULO
XXI. In: Lucia Maria Martins Giraffa et al. (Org.). (Re)invenção pedagógica? Reflexões acerca do uso de tecnologias digitais na educação. Porto Alegre, RS: EdiPUCRS, 2012.
Sanchez, Fábio. Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, 2009. 2ª ed. São Paulo: Instituto Monitor, 2009.
Palloff, Rena M; Pratt, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem do ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Palloff, Rena M; Pratt, Keith. O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes online. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SANTOS, Pricila K. Inclusão Digital de Professores: uma proposta de construção de trajetórias personalizaveis em cursos na modalidade a distância. 2012. 101f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.