FATORES QUE INFLUENCIAM A EVASÃO E A PERMANÊNCIA DOS ALUNOS DE UM CURSO PEDAGOGIA NA MODALIDADE EAD
Línea TemÁtica (1 - Factores asociados al abandono. Tipos y perfiles de abandono)

GUIDOTTI 1, Viviane
VERDUM 2, Priscila
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul / CAPES - Brasil
e-mail: [email protected] e [email protected]

Resumo. Um dos principais obstáculos enfrentados na educação a distância é a evasão dos alunos. Diante deste contexto tão presente nas Instituições de Ensino Superior, investigar as causas dessa problemática e possíveis estratégias para a diminuição dos índices, tem sido uma preocupação tanto dasIES, quanto dos pesquisadores que se interessam pelo desenvolvimento e pela qualidade daeducaçãona modalidade de ensino a distância.Como docentes de um curso de Pedagogia a distância, de uma instituição privada de abrangência nacional assumimos esta preocupação por acreditar tratar-se de um elemento importante para refletir sobre a prática e a atuação docente. Assim, o objetivo desse artigo foi de apresentar um estudo sobre as causas que podem levar o discente do curso de Pedagogia a distância à evasão e também os motivos que o movem a seguir em frente com seus estudos nesta modalidade. Para a realização dessa pesquisa, primeiramente, foi feito um levantamento para detectar o número de alunos que evadiram, durante o 1º módulo e o início do 2º módulo do curso de graduação em Pedagogia, em três turmas da instituição, que inicialmente totalizavam 196 alunos. Verificou-se que o índice de evasão ficou em torno de 30,61%. A partir dessa constatação, por meio da aplicação de um questionário semiestruturado, que foi enviado por e-mail para 100 alunos dessas três turmas, e preenchido por 58 sujeitos, foi possível apontar que os principais fatores que levaram os alunos a pensar na evasão foram: problemas financeiros, motivos pessoais, motivos de saúdee falta de tempo. E que os fatores que motivam esses alunos a permanecerem no curso de graduação em Pedagogia são:conseguir um emprego melhor, ter estabilidade financeira, avontade de aprender e ter mais conhecimento.

Palavras-chave: Evasão, Pedagogia, Ensino Superior, Educação a Distância.

1 Introdução

No Brasil, os investimentos no Ensino Superior (ES), são marcados por reformas educacionais, a partir das políticas públicas que fomentam a reestruturação e a expansão do ES, como uma forma de contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do país.

Oacesso ao ES cresce a cada ano no país. É importante considerar que este nível de ensino até pouco tempo atrás era considerado de‘elite’, no contexto educacional brasileiro, e atualmente percebe-se um investimentos no acesso de pessoas das diferentes classes sociais.

Esse processo de expansão do Ensino Superior caracterizado pelo acesso, também traz consigo a evasão. A Evasão ganha espaço nas discussões educacionais sobre o ensino superior nos últimos anos, pois, fica evidente que ‘ter acesso não significa permanência, nem tão pouco, garante a conclusão de um curso’.

Diante deste contexto, este trabalho apresenta um estudo realizado com alunos de um Curso de Graduação em Pedagogia a distância, quecursam 2º módulo letivo, que equivale ao segundo semestre do ano.

O objetivo geral desta pesquisa foi de apresentar um estudo sobre as possíveis causas que podem levar os discentes de 3 turmas do Curso de Pedagogia a distância à evasão, e também os motivos que os movem a seguir adiante com seus estudos.

Constitui-seassim, como problemática da pesquisa, compreender os principais motivos que poderiam levar os alunos a evadirem do curso, para traçar um diagnóstico que possa levar a (re)pensar estratégias para minimizar a evasão nessas turmas.

A problemática do estudo surgiu a partir de um questionamento feito por Lobo (2011, p. 15)

[...] a Evasão é sempre culpa do aluno? Se a resposta for não, então mesmo assim é preciso tratar o problema com a mesma ênfase já que suas consequências envolvam todos que participam do processo de ensino [...].

Assumindo o papel dedocente, como um investigador, pesquisador constante da sua prática, buscamos estudar a evasão no contexto educacional em que atuamos. A intenção foi focar, primeiramente, o estudo nos acadêmicos que permaneceram no curso, após o 1º módulo.

É importante esclarecer, que os alunos matriculados nesta IES, devem cursar8 módulos para concluir o curso, cada ano letivo é constituído de 2 módulos. E neste estudo todos os sujeitos investigados estão cursando o primeiro ano de um curso que se estenderá por mais 3 anos de formação, totalizando 4 anos de curso.

A justificativa do estudo concentra-se na observação que o número de evasão foi gradativamente aumentando, desde o 1º dia aula – 1º módulo, até o início do 2º módulo, nas turmas investigadas.

Diante do que foi exposto, a relevância social deste estudo implica em(re)pensar estratégias para qualificar o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos e professores, envolvidos diretamente deste processo.

Sendo também importante destacar, que a evasão nos cursos a distância é apresentada como um dos principais obstáculopara o desenvolvimento da EAD, apontado no Censo EAD.BR 2012 (2013).

O crescimento de matrículas nessa modalidade é registrado por número expressivos. O Censo EAD.BR 2012 (2013, p 21),refereque o crescimento de matrículas em cursos a distância, “Em 2012, em relação a 2011, houve um aumento de 52,5% das matrículas na modalidade EAD”.

Em relação, aos níveis de ensino, o Censo EAD.BR 2012(2013, p 21), também menciona que: “no nível superior,correspondem a 62% das matrículas, sendo grandeparte desse nível em licenciatura (30,8%), em cursostecnológicos (26%) e embacharelado (25%)”.

É importante explicar, que o Censo EAD.BR 2012, apresenta apenas um recorte do cenário brasileiro de instituições que ofertam cursos a distância, pois, participaram do censo 252 instituições ou empresas e 32 professores independentes, que colaborarampor meio do preenchimento dos questionários. O próprio relatório com os resultados do censo, caracteriza a participação no censo como “[...] uma atitude colaborativa e voluntária de cada instituição que desenvolve ações de EAD”. (2013, p. 19)

2. Referencial Teórico

2.1 Conceito de Evasão

Para o desenvolvimento do estudo, foi importante repensar qual a definição de evasão, deveríamos adotar nesta pesquisa. Segundo Lobo:

[...] é difícil padronizar tudo aquilo que diz respeito à Evasão. Em primeiro lugar, ao estudar a Evasão do Ensino Superior, é preciso ter clareza e explicitar de qual evasão estamos falando, pois podemos citar diferentes tipos de Evasão: a Evasão do Curso, a Evasão da IES e a Evasão do Sistema, todas derivadas de diferentes cálculos da Evasão dos Alunos. (2011, p. 7)

Cunha e Morosini (2012), destacam que a evasão apresenta diferentes significados para seu conceito ou definição, não há um consenso no contexto brasileiro.

Diante desta constatação, serão apresentados alguns conceitos que achamos significativos para a compreensão e definição do que entendemos por evasão neste estudo.

Na construção do Estado de Conhecimento do campo, sobre a evasão, apresentado por Cunha e Morosini (2012), são descritos os estudos de Gaioso (2005), Kira (2002) e Baggi e Lopes (2011):

Sobre a evasão é apresentado que Gaioso, “[...] a define como sendo a interrupção no ciclo de estudos, em qualquer nível de ensino.” (GAIOSO2005, apud, CUNHA; MOROSINI, 2012, p. 129).

Já para Kira “afirma que o termo evasão é frequentemente utilizado para se referir a “perda” ou “fuga” de alunos da universidade”. (KIRA 2002, apud, CUNHA; MOROSINI, 2012, p. 129).

E Baggi e Lopes vão definir a evasão “[...] como a saída do aluno da instituição antes da conclusão de seu curso”. (BAGGI; LOPES 2011, apud, CUNHA; MOROSINI,2012, p. 129).

Para Favero (2006, p. 50), a evasão nos Cursos a distância pode ser entendida como:

[...] o ato da desistência, incluindo os que nunca se apresentaram ou se manifestaram de alguma forma para os colegas e mediadores do curso, em qualquer momento.

Deste modo, entendemos por evasão, neste estudo, os movimentos de desistências voluntáriodos alunos matriculados, durante qualquer momento do curso, que sejam registrados por abandono, cancelamento, trancamento ou transferência de matrícula para outra instituição.

Como também é importante registrar que, os alunos que trocaram o turno/horário do encontro presencial ou de Polo presencial, por exemplo, para outra cidade, não foram considerados evadidos. Pois, consideramosesse movimento, como uma característicada EAD –a flexibilidade -, além desses movimentos estarem interligadoscom as situações de vida dos acadêmicos, que por muitas vezes são justificados por:mudança de trabalho outrocas nos horários de trabalho;responsabilidadesfamiliares, principalmente as que estão relacionadas com cuidados dos filhos; e a outros fatores que podem implicar essas trocas.

2.2 Evasão no Ensino Superior

Lobo (2011, p. 1), destaca que “A evasão é um dos maiores problemas de qualquer nível de ensino e o é, também, no Ensino Superior, público e privado”.

Cabe ressaltar que a evasão é um problema enfrentado em qualquer nível de ensino, e fortemente discutido, principalmente quando ocorre nos níveis de ensino da educação básica. Por estes níveis de ensino – educação infantil, ensino fundamental e ensino médio -, comtemplarem o acesso dos cidadãos brasileirosà educação, determinado por um direito garantido por lei.

No Ensino Superior a preocupação com a evasão, segundo Cunha e Morosini (2012, p. 129), “[...]vem sendo estudada de forma mais significativa nos últimos cinco anos”.

No ESeste problema, surge como um obstáculo agravante, tanto para as IESprivadas, como para as públicas.

Corrobora com a ideia Lobo, que menciona que a evasão do aluno:

[...] sem a finalização dos seus estudos representa uma perda social, de recursos e de tempo de todos os envolvidos no processo de ensino, pois perdeu alunos, seus professores, a instituição de ensino, o sistema de educação e toda a sociedade (ou seja, o País). (2011, p.01)

As IES privadas, de uma forma bem clara, garantem sua expansão e investimentos, de acordo com seu lucro, dependendo do número de evasão, isso pode comprometer e/ou tornar a instituição instável. Por outro lado, as instituições públicas, recebeminvestimentos do governo -verbas públicas -, assim, estas IES têm o dever e o compromisso de buscar alternativas para utilizar esses investimentos da melhor maneira possível.

Outra questão que movea preocupação das IES, é de não só dar a oportunidade de ingresso ao aluno, como também garantir queeste sujeito conclua o curso. Esta preocupa está relacionada a implementação e gestão de algumas políticas públicas de acesso de estudantesao ensino superior, podemos citar algumas das principais políticas - Para as IES privadas: ProUni (Programa Universidade para Todos), FIES (Financiamento do Estudantil), e para as IES públicas: REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e UAB (Universidade Aberta do Brasil).

2.3 Evasão em cursos de graduação a distância

A EAD, é uma modalidade de ensino que tem sua evolução histórica no cenário mundial, decorrente do desenvolvimento tecnológico, principalmente pela integração das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) na educação.

Uma das principais característica desta modalidade de ensino é a separação geográfica entre alunos e professores. Para Novak (2010, p. 33)

[...] a complexa organização social contemporânea favorece o desenvolvimento da Educação a Distância, em função das necessidade de acesso à educação por parte das populações, em condições que exigem a superação das barreiras geográficas.

Além da questão geográfica, o autor cita a ‘flexibilização dos espaços-tempos’, que esta modalidade apresenta também como uma característica.

[...] é a possibilidade de flexibilizar os espaços- tempos dos estudos, por parte do educando, propiciados pela Educação a Distância, na medida em que permite a conciliação com outras atividades, inclusive laborais, que tem sido determinante na escolha da modalidade de ensino, concorrendo para o aumento das demandas. (NOVAK, 2010, p. 34)

No contexto educacional brasileiro, é possível que as instituições credenciadas, que seguem a legislação educacional vigente, possam ofertar cursosde graduação totalmente online - via Web, com a necessidade de organizarmomentos presenciais apenas para a realização de avaliações, defesas de TCCs (Trabalho de Conclusão de Curso) e estágios obrigatórios. Ou ofertar cursos de graduação semipresenciais - com encontros virtuais e outros presenciais.

Na educação a distância como já foi mencionado “A evasão constitui um grande obstáculo para o desenvolvimento das ações em EAD” (Censo EAD.BR, 2013, p. 90)

Ainda no Censo EAD.BR (2013, p. 39), são apresentadas algumas das principais causas de evasão dos alunos matriculados em cursos a distância como: “a falta de tempo para o estudo e para participar do curso (23,4%), a falta de adaptação à metodologia (18,3%) e o aumento de trabalho (15%).”

3 Metodologia

Considerando o objetivo geral desta investigação, a pesquisa foi desenvolvida apartir de uma investigação descritiva, de abordagem qualitativa.

Os sujeitos desta pesquisa foram os estudantes, que permanecem no Curso de Graduação em Pedagogia, a distância, de uma IES particular.Os alunos formam o corpo discente de três turmas, que ingressaram no Curso em 2013/1.

A IES oferece cursos de graduação a distância, adotando uma metodologia de um encontro presencial semanal, sendo que cada disciplina tem 4 encontros. Nos encontros, são apresentados os conteúdos de cada unidade do Caderno de Estudo (material impresso), o vídeo de cada unidade, e nos três últimos encontros de cada disciplina são realizadas as correções das autoatividades e a aplicação das avaliações.

A primeira análise deste estudo, consistiu em evidenciar o número de alunos que evadiram do curso, considerando todos os movimentos, como já citados: abandono, cancelamento, trancamento ou transferência de matrícula para outra instituição. O que totalizou um percentual de 30,61% alunos, considerando um total de 196 alunos, somando o número de discente das três turmas. Já os alunos que trocaram o turno/horário do seu encontro presencial, ou trocaram de Polo, não foram considerados evadidos.

Após a constatação, foi elaborado um instrumento para a coleta de dados, optou-se por utilizar o Questionário. O instrumento foi organizado no GoogleDoc, utilizando a ferramenta formulário, vinculado a uma tabela de dados. Justificamos a escolha, pelo GoogleDoc, por ser uma ferramenta que permitiuvisualizar o instrumento quem qualquer computador, com acesso à Internet, e a organização das informações em uma tabela, o que facilitou a análise qualitativa dos dados.

O link do questionáriofoi enviado por e-mail, para 100alunos, e preencheram ao questionário 58 alunos.

A análise de dados, foi desenvolvida pela técnica de análise - Analise Textual Discursiva(ATD), fundamentada em Moraes (2003). Em síntese a ATD compõem ciclos de análise que foi composta pela dedesmontagem dos textos, após o estabelecimento de relações e da captação do novo emergente, e após o processo auto-organização.

4. Análise dos Dados

A partir da participação voluntária de 58 alunos que permanecem no curso, pode-se traçar um perfil desses alunos. Todos os sujeitos são do sexo feminino, sabe-se que entre esses alunos há uma minoria do sexo masculina, presente nas turmas investigadas, mas esses não preencheram o questionário.

No Censo da Educação Superior foi mencionado o perfil do aluno descrito como: “[...] “típico aluno” da educação a distância, por sua vez, é do sexo feminino, cursa licenciatura e também está vinculado a uma instituição privada.

Lobo (2011) apresenta em seus estudos uma consideração em questão as idades do universitários no Brasil

“[...] quase metade dos alunos das instituições privadas no Brasil estão fora da faixa etária típica (ou seja, de 18 a 24 anos), pois são muitos os que chegaram tardiamente, e pela primeira vez, aos bancos universitários [...]” (p. 4)

De acordo com os dados, os sujeitos são todos do sexo feminino, na sua maioria adultas entre 26 a 55 anos, que conciliam estudos, cuidados com a família/tarefas domésticas e trabalho.

Fig. 1: Idade dos Alunos

Fonte: Guidotti e Verdum (2013)

Os dados apresentam estar também em consonância com algumas características sobre os alunos, publicadas no Censo EADBR 2012 (2013). O Censo (2013, p. 127) apresentou que a maioria dos alunos são do sexo feminino, com idade entre 18 a 40 anos, esses sujeitos estudam e trabalham “Estudar e trabalharcaracteriza o perfil ocupacional dos alunos de EAD.”

Os sujeitos destacam como sendo os principais motivos para continuar estudando: ‘conseguir um emprego melhor’, ‘progredir no emprego atual’e ‘adquirir mais conhecimento e ficar atualizado’.Segue algumas ‘falas’ dos alunos, que representam esses motivos:

“Me aperfeiçoar na área em que trabalho.”(A4)

“Porque o importante é estar sempre capacitado, também porque o conhecimento nos liberta, nos ‘leva’ longe.”(A17)

“Possibilidade de maiores oportunidades profissionais no mercado de trabalho.”(A 45)

Para 52alunos essa é a primeira experiência em um curso de graduação a distância. Os alunos justificam sua escolha por um curso a distância, levando em conta a flexibilidade de horários e o custo com a mensalidade.

“Facilidade de organizar meus horários e o custo.”(A 51)

“Pelo preço e flexibilidade de horário, mas principalmente pelo preço.” (A 34)

“Por falta de tempo de estudar regularmente todos os dias e por ter a mensalidade que cabe no meu bolso.”(A 20)

Falta de tempo, a família precisa de mim e foi uma maneira de voltar aos estudos.”(A 25)

Os trechos retirados das perguntas descritivas do instrumento, mostram que fica evidente nas respostas, talvez por todos os sujeitos serem do sexo feminino, que a escolha por um curso a distância está fortemente ligada a questão financeira, em segundo por terem que conciliar os estudos com a família.Justificam por ser uma opção de ensino mais flexível, que permitiu continuar os estudos. Muitos sujeitos destacaram que seria impossível frequentar um curso presencial, no qual teriam que estar presentes regularmente todos os dias da semana.

E para 41 dos sujeitos esse é o primeiro ingresso em um cursos superior. Já para 17este não é o primeiro ingresso ao ensino superior, sendo que 8 cancelaram, 5 trancaram, 2 abandonaram e apenas 2 concluíram o curso de graduação anterior.

Os alunos justificam o cancelamento, trancamento ou abandono no curso anterior, pelos motivos: alto custo das mensalidades, etambém associam ao custo com o transporte semanal para estar presente na instituição, descontentamento com a instituição e por não conseguir frequentar regularmente as aulas durante a semanapor questões familiares.

Quanto ao desempenho acadêmico no atual curso, que frequentam, os alunos mencionam que consideram seu desempenho, como:

Fig. 2: Desempenho acadêmico

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Fonte: Guidotti e Verdum (2013)

As justificativas sobre o desempenho acadêmico são marcadas como ponto positivo pela: dedicação, organização e autoaprendizagem. Já como pontos negativos: a falta de tempo, problemas pessoais e a falta de organização.

O que evidência as características importante para um aluno cursar um curso a distância, organização e dedicação.

Por outro lado, a questão de não ter tempoou afalta de tempo para estudar, tão mencionada por alguns sujeitos na justificativa por escolher um curso de graduação a distância, também foi citada como justificativa por não concluírem o curso de graduação anterior. E também se faz presente como um elemento importante citado pelos alunos para justificarem seu desempenho acadêmico.

Diante desta perspectiva, é importante que o aluno tenha consciência que cursar uma graduação a distância exige tempo, organização, dedicação, autoaprendizagem, esses elementos são fundamentais para que a aprendizagem ocorra.

Dos 58 sujeitos que preencheram o questionário, 23 pensaram em desistir do curso, e 35 nunca pensaram. Dos 23 que já pensaram em evadir, esta vontade se concentrou entre o final do 1º módulo e o início do 2º módulo.

Os alunos que pensaram em evasão, justificam sua vontade por terem enfrentado problemas: financeiros, de motivos pessoais, de motivos de saúdeedefalta de tempo. Apenas 5 sujeitos marcaram como alternativa o problema com a adaptação ao método de ensino e 3 sujeitos mencionaram que o motivo seria pelo curso não estar atingindo as expectativas.

A maioria dos sujeitos afirmam que hoje a ideia de não continuarem cursando a atual graduação é muito improvável, é importante mencionar que dos 58 alunos que enviaram o questionário respondido, apenas 1 sujeito não respondeu esta questão.

Fig. 3:Desistir do Curso de Graduaçãoatual

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Fonte: Guidotti e Verdum (2013)

Já alguns dos fatores que os alunos descreveram como sendo relacionados com o desejo de concluir o curso, estão diretamente interligados aos mesmos motivos que os fizeram voltar/continuar estudando - melhorar a qualidade de vida: o que representa para os sujeitos: conseguir um emprego melhor, ter estabilidade financeira, avontade de aprender e ter mais conhecimento. Já outros descrevem que o desejo de concluir o curso está relacionado a ter um diploma e concluir uma formação em nível superior.

“Maiores chances de conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho”. (A10)“Porque preciso do diploma”. (A13)

“Ter o diploma superior para ter uma melhor oportunidade de trabalho [...]”.(A21)

No próximo tópico deste trabalho serão apresentadas algumas das estratégias pedagógicas que podem ser adotadas, tanto pelos professores quanto pelos alunos.

Reforçando também a importante de fazer com que esses futuros professores (re)pensem sua futura atuação como docentes.

4.1 Estratégias Pedagógicas: possibilidades

A análise de dados, proporcionou mapear o perfil dos alunos, das 3 turmas investigadas. E assim, refletir sobre algumas estratégias que possam ajudar, auxiliar, orientar dos discentes a não evadirem do Curso. Principalmente pelos fatores alegados por eles como: falta de tempo, falta de organização e falta de dedicação com os estudos.

Considerando principalmente as dificuldades de conciliar a jornada de trabalho com os estudos.Serão apresentadas algumas estratégias que podem ser utilizadas para qualificar o processo de ensino e de aprendizagem, com o objetivo de minimizar a evasão.

O diálogoproblematizador - da prática, contribuindo para uma postura investigativa e reflexiva tanto do professor, como do aluno.

Corroborando com a ideia de que o diálogo é uma estratégia para envolver o aluno no processo de ensino e aprendizagem, no qual o aluno e o professor são sujeitos ativos, seguimos a perspectiva de Freire “O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato comum de conhecer o objeto estudado”(FREIRE; SHOR 1986, p. 65).

Favero (2006), em sua dissertação apresenta como uma das estratégias importante no ensino a distância via web - o diálogo, fundamentada tambémna perspectiva freriana. Para a autora (2006, p. 155) “Ao se desenvolver um curso, é importante que o diálogo seja levado em conta, pois evita um índice maior de evasão dos educandos.”

Para DeBastos e Mazzardo (2005, p. 2), “Problematizar, desafiar, através do diálogo, são maneiras decontextualizar e envolver o aluno nos temas estudados, nos problemas a serem resolvidos enas estratégias de resolução”.

Cabe destacar que “Para alcançar os objetivos da transformação, o diálogo implica responsabilidade, direcionamento, determinação, disciplina, objetivo” (FREIRE; SHOR1986, p. 67). O que provoca uma atuação docente focada na orientação, mediação e na possibilidade de criar um ambiente favorável para a construção do conhecimento em sala de aula.

Assim, se torna importante, que o professor do ensino superior adote uma postura investigativae reflexiva da sua prática.

Os Diários de Aula - podem ser instrumentos de coleta de dados, para a análise e reflexão da prática, Zabalza (2004).

Os Diários de Aula podem ser recursos para o desenvolvimento profissional constante – formação continuada –, pois seu objetivo é fazer com que o professor se torne um agente ativo, em permanente formação, a partir da reflexão da sua prática, levando em consideração também sua fundamentação teórica.

Do ponto de vista metodológico, os “diários” fazem parte de enfoque ou linhas de pesquisa baseados em “documentos pessoais” ou “narrações autobiográficas”. Esta corrente, de orientação basicamente qualitativa [...]. (ZABALZA, 2004, p. 14).

Os Diários de Aula para os alunos, também podem ser um instrumento para registrar seus aprendizados, já que muitas vezes, os alunos acabam relatando não ter tempo para os estudos, e apenas conseguem ler os textos, sem fazer nenhum registro sobre o que de fato entenderam do conteúdo.

Tabela do Tempo Semanal – para organizar as tarefas dos alunos.

Os alunos podem elaborar uma tabela, para registrar as tarefas que devem desempenhar durante a semana. E diariamente ir marcando as tarefas que conseguiram executar, as que não conseguiram terminar e as que precisam ser priorizadas.É importante deixar a tabela em um lugar visível, que faça o aluno (re)lembrar de seguir sua organização e planejamento.

Compartilhar informações sobre vagas de emprego.

Sobre os fatores que levam a pensar na evasão, relacionados a questão financeira, é importante que a IES privada, junto com os professores levem essa questão em consideração, já que aluno sem emprego (sem um fonte de renda), implica em provavelmente deixar os estudos de lado e evadir.

Uma alternativa seria a implementação de um setor responsável pela divulgação de oportunidades de estágios e empregos. E outra ideia, seria de utilizar as Redes Sociais Virtuais, como ferramentaspara trocas/compartilhamentos de informações referentes a oportunidades de estágios e empregos entre os próprios alunos.

5 Considerações

Cabe destacar, que os resultados apontados este estudo, são um recorte de uma realidade dos sujeitos que participaram desta pesquisa. Desta maneira, não se pode generalizar, mas foi possível pensar e propor a partir desta investigação algumas estratégias pedagógicas que podem qualificar do trabalho docente com os alunos, afim de minimizar a evasão.

Principalmente pelas fatores apontados pelos alunos como: a falta de tempo, falta de organização e a falta de dedicação para os estudos.

Não é só necessário que o professor fique preocupado com a adaptação dos alunos com a metodologia de ensino EAD.É importante também que o docente proporcione um ambiente de ensino em que o aluno sinta-se à vontade em reconhecer suas dificuldades, e que consiga (re)pensar possibilidades para aproveitar de maneira mais significativa o tempo que ele terá para se dedicar aos estudos.

Durante a análise do estudo ficou evidente a necessidade de ampliar a pesquisa, para investigar os motivos dos alunos que evadiram do curso. E também mapear com a IES outras ações que favoreçam a permanência dos alunos, acompanhando as turmas investigadas até a conclusão do curso.

Quanto as estratégias apontadas aqui, podem ser aplicadas nas turmas como fonte de investigação, para compreender se de fato podem ser efetivadas como ações para toda a IES.

Agradecimentos

Agradecemos aos sujeitos – alunos – desta pesquisa, que gentilmente participaram no preenchimento do questionário.

Referencias

Censo EAD.BR 2012 (2013). Organização Associação Brasileira de Educação a Distância. São Paulo: Pearson Education do Brasil.

Cunha, E., Morosini. M. (2012). Evasão na Educação Superior: uma temática em estudo. In: Andoanín. J.

G. de. - II Clabes. Segunda Conferencia LatinoAmericana Sobre El Abandono En La Educação Supeiror. Madrid: Edita Dpto. de Pubicaciones de la E.U.I.T. de Telecomunicación, 128-128. Disponível em:<http://www.alfaguia.org/www- alfa/images/imag_contenido/LibroActas_II- CLABES.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2013.

De Bastos, F. D. P.; Mazzardo, M. D. (2005) Prática Escolar Dialógico-Problematizadora Mediadapor Tecnologia Informática Livre. Revista Linguagem & Cidadania, Santa Maria, n. 13,jan./jun. Disponível em: < http://www.ufsm.br/lec/01_05/Fabio.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.

Favero, R. V. M. (2006). Dialogar ou evadir: Eis a questão! Um estudo sobre a permanência e a evasão na educação a distância. 167 f. (Mestrado em Educação) – Faculdade de Psicologia, Universidade Federaldo Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Freire. P.; Shor. I.(1986) Medo e ousadia: cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Lobo, Maria Beatriz de Carvalho Melo. (2011). Panorama da evasão no ensino superior brasileiro: aspectos gerais das causas e soluções. Instituto Lobo para Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia. Disponível em: <http://www.institutolobo.org.br/imagens/pdf/artig os/art_087.pdf>.Acesso em: 19ago.2013.

Novak, Silvestre. (2010) Educação a Distância e Racionalidade Comunicativa: A Construçãodo Entendimento na Comunidade Virtual de Aprendizagem.399 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federaldo Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

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Zabalza. M. A. (2004). Diários de Aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed. Tradução de: Ernani Rosa.